O dia em que eu renasci

Web Imagem

Há muito tempo a vida andava sem sentido. Eu corria por todos os lados e não encontrava saída para o buraco negro em que minha vida tinha se tornado. Era como se meus olhos não enxergassem mais o mundo. Não via nem ouvia mais as pessoas era eu e meu mundo secreto. 

Para falar a verdade me perdi no tempo e não sei dizer com certeza por quanto tempo permaneci neste estado vegetativo. Estava certa de que a morte havia me alcançado. E de fato, porque eu respirava, mas não vivia. Meu tempo era um agora infinito cheio de lembranças do passado. 

A coisa começou a mudar quando bateu uma chuva forte lá pelas bandas de onde eu morava e me quebrou o telhado. Foi um belo desastre, me escondi em outro cômodo da casa que não meu quarto e esperei aquele "vento" passar. Quando voltei para conferir o estrago, notei que eu ainda tinha consciência. 

De alguma forma eu conseguia pensar sobre o que era bom ou ruim para minha vida, meu caos era imenso, mas a solidão somente eu era responsável por ter escolhido. Olhei para o telhado e para minha surpresa um lindo arco íris cortava o céu e era como se fizesse uma alça de uma parede a outra do meu quarto.

Pela primeira vez depois de muitos anos me arrumei, saí de casa e fui ver como estava a cidade. Um pouco úmida por causa da chuva que passara, mas de alguma forma alegre. Eu olhava as pessoas e via vida, sorriso, amor. Sentimentos que eu pensava não poder mais nutrir.

Passei em uma loja, solicitei que arrumassem meu telhado e eles prontamente me ajudaram, organizei minhas coisas e decidi que todos os dias seria dia de caminhada. Sair pelas ruas para olhar, para ver pessoas e para me redescobrir. 

A chuva, o arco íris e aquela primeira caminhada me trouxeram de volta à vida. Eu agora já não só contava com a respiração. Eu era um ser um humano em construção. Por isso, tantos conflitos e indecisões. 

_____________________________________________
Este texto é resultado do Projeto Escrita Criativa