Título: Uma Vida para Sempre
Autora: Simone Taietti
Editora: Novo Século (Talentos da Literatura Brasileira)
ISBN: 978-85-428-0355-6
Ano: 2014
Páginas: 351
Ethel diz estar morrendo. Contudo, não afirma isso apenas em razão de sua doença. Talvez a única certeza de nossa existência seja a morte, o fato de que ela chega para todos. Mas nem por isso deixa de ser a maior incógnita da vida. Em um hospital, em meio à dor das histórias dos pacientes, Ethel encontrou amigos. Entre passeios em cemitérios, frequentando velórios e enterros de estranhos, ela tenta preparar a si e aqueles que ama, para o que parece estar ali tão próximo, o fim. Entretanto, não esperava enfrentar algumas surpresas que a fizessem duvidar de tal preparação. As estatísticas ruins, a inexorável passagem do tempo. Onde reside a lógica disso que nos arranca pedaços, da súbita inexistência do que outrora era vívido e pulsante? Um corpo que jaz. Palavras que se perdem. A finitude de tudo o que é tão belo talvez seja a maior dor do mundo. Uma vida para sempre é um compilado de desejos, pensamentos e dias. Quanto dura o para sempre? Ethel descobriu.
Vou começar esta resenha de forma um pouco diferente. Porque simplesmente não sei como começar. Então, acho melhor ir falando e entrando no tema que, pra mim, não está fácil escrever. A história que a autora nos apresenta leva à um cenário onde a vida ou a ausência dela são temas principais. Somos apresentados à Ethel, uma jovem diagnosticada com CIPA ( Insensibilidade Congênita à dor com Anidrose) e é ela quem nos conduz durante a leitura.
Embora esteja com uma doença sem cura e que lhe coloque de cara com a morte, nossa personagem tem uma sensibilidade sem tamanho. Para Ethel o morrer é algo que todos deveriam tentar encarar, mesmo não estando doentes, porque afinal, nossa corrida aponta sempre para este sentido. Só que em muitos momentos por estar "aparentemente" bem, nos esquecemos que ela virá.
Edite, mãe da menina não consegue encarar as coisas com tanta clareza. Desde o descobrimento da doença passou a protegê-la do mundo. Cuidando para que não se machucasse ou algo pior acontecesse. Após o falecimento do pai, as coisas parecem se tornar ainda mais complicadas. Porque o medo da perda aumenta e Edite, busca ter Ehtel a todo tempo sob seu controle. Deixando-a livre apenas dentro do hospital, onde duas vezes por semana ela faz fisioterapia.
É neste hospital que Ethel começa a conhecer outras pessoas que também lidam com a proximidade da morte e onde suas ideias ganham ainda mais força. Nas horas em que espera por sua mãe a menina passeia pelas alas do hospital fazendo visitas e conhece pessoas como Max, Gertrud e por fim, Vitor.
Gertrud é uma senhora bem resolvida que faz hemodiálise no hospital, Max uma criança que infelizmente nos deixa logo no início da história. Mas mesmo assim nos mostra a importância de lutarmos para deixar no mundo nossa marca. Fazer algo que mostre que aqui estivemos e que não passamos apenas.
Vitor é o mais novo de todos e está retornando para o hospital para tratar um caso de Leucemia Mieloide Aguda. Depois de uma breve conversa os dois ficam amigos e diante de muitas afinidades temos somos levados à um Romance.
Há também Catharina amiga de infância de Ethel que se afastou depois que a menina parou de ir à escola porque era constantemente machucada pelos colegas, além de sofrer outras "zoações"
É com estes personagens que sem dúvida forma muito bem construídos que fui apresentada à vida. ou pelo menos à uma outra forma de cuidarmos dela. Temos um cenário meio aterrorizante onde a morte está sempre presente, mas dentro deste mesmo ambiente a autora busca nos apresentar a presença da vida e a luta pelo melhor dela mesmo que esteja no fim.
Eu fiquei impressionada com a qualidade dos diálogos construídos e do "banho" cultural que a Simone nos trouxe. Cada capítulo da história era aberto com um dia, mês e ano e também com uma citação. Para dizer a verdade grandes citações e com comentários muito pertinentes. Ethel e Vitor, leitores e amantes da música também nos apresentaram a beleza dessas artes para trazer à vida um pouco mais de brilho.
Entre vida real, sonhos e luta pela sobrevivência à todo tempo somos sondados pela pergunta que faz história girar. "-Quanto dura o para sempre?"
Confesso que não foi uma leitura fácil e mesmo o livro estando com uma diagramação linda, letras bem favoráveis pra uma leitura mais curta, o que eu consegui foi uma leitura com pausas, reflexões. E acho que as coisas ainda nem terminaram, pois o pensamentos continuam lá nas palavras de Ethel, Vitor e Gertrud. Me apaixonei por cada um deles e o que tenho a dizer é se você está achando que este livro é só mais um livro que tem pessoas doentes e um romance no meio para complicar tudo, você enganado. Ele vai além. Um além que depende de você, da sua vida e de como você tem escrito a sua história.
"A quantidade de horas e de dias não é o primordial
e sim o que fazemos desse tempo,
de que forma nos ocupamos dele." (p154)
A leitura deste livro faz parte de minha participação no Book Tour: Uma vida para sempre. Que está sendo coordenado pela linda da Monika Andreotti do blog http://www.monykisses.com.br/
Valeu a pena participar deste projeto!
Espero que outras oportunidades possa vir!
Nota 5 estrelas para a autora. Se dúvida!
2 Comentários
Adorei sua resenha, fiquei curiosa para ler esse livro, entrou pra minha lista dos desejados (que só cresce a cada dia) kkk como se eu já não tivesse um monte de livros na fila de espera...
ResponderExcluirOi Vanessa,
ResponderExcluirUAU que resenha! Você conseguiu falar tudo... Lembra quando te falei que a leitura valeria a pena? Esse livro é simplesmente demais!
Obrigada por participar... Um beijo!
Blog Monykisses
Olá querido leitor! Seja bem-vindo ao Pensamentos Valem Ouro, temos aqui um espaço aproximar nossas redes e trocar ideias. Ficarei feliz em ler tua ideia. E sempre farei questão de respondê-la! Fique a vontade!
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Vanessa Vieira <3