Momento inspirativo #6

 
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O entusiasmo mórbido dominava por suas entranhas. Se lhe tivessem visto os olhos, e dito meias dúzias de coisas boas, hoje nada lhe jorraria se não amor. Mas jorrou sangue, sua vida, suas vontades. Afogados no mar vermelho encontrou-se talvez um sonho ou outro. Uma vontade aqui e ali. Espatifados na bagunça não arrumável. Talvez devesse ter ido ao boteco da esquina conhecer a mulher loira que trabalha lá. Uma graça de bom humor e simpatia. Vive aos berros com o menino que sabe se lá de onde veio. Talvez desistisse ao ver que a sorte era não ser o garoto, em sua vida de gritos e orgia. Ou não ser ela, lançada a prostituição. Talvez a sanidade lhe viesse ao cruzar com aquele pobre homem jogado a rua, após mais umas belas doses tomadas no botequim da loirona infeliz. Meu caro, quase cego, tem dois filhos marmanjos que sequer lembram seu nome. Haveria de emprestar a arma a ele, pobre coitado que trabalhou sua vida todinha e vive assim, na sarjeta. Haveria de se sentir o homem mais feliz do mundo se conhece o tal filho do bebum que se encharcou no boteco da loirona que berra com o filho. Perdido na vida, haja trabalho que lhe satisfaça. Mas há massa cinzenta pelos cantos, tem polícia pela casa. Tem corações perdidos gritando pela falta. Tem um homem a menos nos índices de população.

Texto de Vanessa Ribeiro

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6 Comentários

  1. Oi Vanessa, sua linda, tudo bem?
    Acredito que falta amor nos tempos de hoje, na forma como as pessoas se tratam. Então, eu sei quando fala que se ele tivesse sido tratado de outra forma, talvez fosse outra pessoa hoje. Mas depois ele começou a analisar a vida dos outros ao seu redor e reconheceu que a própria vida não era tão ruim assim, poderia ser pior, poderia ser a dessas pessoas. Precisamos tentar ser felizes, o mundo nem sempre irá nos tratar bem. Achei bonito o seu texto, gostei muito, parabéns. Traga outros!!!
    beijinhos.
    cila.

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  2. Oie! Gostei muito dessa reflexão. Apesar de falar de morte, tem vivacidade, intensidade. E acredito que não represente só a morte física em si. O protagonista parecia já estar morto dentro de si mesmo, antes do desfecho de tudo. E esse é o pior tipo de morte. Aquela que não vemos. Que deixamos se aproximar quando deixamos de fazer as coisas. Espero encontrar mais textos assim por aqui. Bjos.

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  3. Ei, Nessa!
    Gostei do seu texto. Tem profundidade, tem sentimentos por trás da descrição. Dá pra ver a existência de personagens, tanto o suicida, quanto o narrador e os demais. A sensação que tive foi de agonia e depressão que chegam aos poucos e acabam por vencer a luta contra nossos próprios fantasmas. Um olhar de apoio e o final poderia ter sido diferente... ou não? Beijo e sucesso!

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  4. Olá Venessa, tudo bem??
    Esse texto bem forte e reflexivo... a falta de amor em que estamos vivendo nos dias de hoje só me causa tristeza... poxa... o amor que foi algo que sempre respeitei e ainda respeito, foi transformado em algo tão banal... hoje dia quase não vemos eles nos olhares, nas feições... nas vivências das pessoas... a conveniência tem se elevado de uma maneira dão drástica que ficamos completamente perdidos... o seu texto retratou a decadência de alguém que viveu com falta de amor... talvez ele também não soube dar... precisamos mais de amor neste mundo, mas infelizmente não existem mais pessoas que possam se doar a este sentimento, porque algo que era precioso de se sentir... se tornou algo temeroso e desacreditável... Xero!

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  5. Olá flor, adoro postagens assim, elas trazem ensinamentos, reflexão e sentimento para os leitores...Parabéns!

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  6. Oi Vanessa, que profundidade o seu texto tem, é uma bela reflexão dos tempos modernos, do desamor, da desesperança.
    Triste, caótico e bem intenso. Curti muito. Parabéns!

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