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Não te acuso, não te excluo, apenas escuso. O
amor vive em uma continua travessia com a dor. E hoje, dói. O que era o mundo,
afinal? Abandonado. E talvez, este tenha sido o pecado: doar-me. Eu joguei-me
ao mais fundo que podia nessa história toda, mesmo pressentindo o erro. Que
culpa tem de ser humano? Que culpa tem do corpo requerer um outro alguém? Que
culpa tens, afinal, de meu amor ser possessivo demais? Não cede. Não te
empresta por uma noite atoa. Amores são assim, creio eu. Mas ei de lhe ser
generosa, assim como dizem que o amor deve ser. Não te acuso por ceder ao que
seu corpo e coração queria. Não por ter sido quem queria ser. Por não ter amado
como eu amei, por não ter se prendido como eu me prendi. Por se importar tão
menos quanto eu me importava. Não te excluo como se deleta a uma lixeira e
posterior, definitivamente. O quão possível seria, pois? Escuso o inescusável.
Amo o não amável. Me lanço de uma ponte, decretando o fim, me acusando, me
excluindo, não me escusando.
Vanessa Ribeiro
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